O ritmo forte puxou importações, que cresceram 19,1% nos primeiros três meses do ano, ocupando recordes 47% do mercado local de químicos nos últimos 12 meses
A produção, a demanda e as vendas internas dos produtos químicos de uso industrial têm resultados positivos no primeiro trimestre de 2021 em comparação com o mesmo período do ano passado. A produção teve alta de 0,81%, a demanda subiu 9,2% e as vendas internas tiveram elevação de 7,66%, segundo informações do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da Abiquim.
No entanto, o volume de importações da amostra de produtos do RAC subiu 19,1% e as exportações recuaram 8,4% nos primeiros três meses deste ano, sobre igual período do ano passado, na contramão do que se poderia esperar com a desvalorização do Real, em relação ao dólar. Já o índice de utilização da capacidade instalada do setor ficou em 73% na média do primeiro trimestre de 2021.
Segundo a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, a melhora das vendas internas e a alta das importações reflete a recuperação da demanda nacional, que se mantém em um patamar elevado desde meados do ano passado, sobretudo pela essencialidade da química e da necessidade dos produtos no atendimento das demandas relacionadas à pandemia.
O baixo índice de ocupação das instalações justamente em um período de aumento da demanda interna evidencia a falta de competitividade da indústria local, com consequente desestímulo a novos investimentos, além de risco de desativação de unidades produtivas.”
Na comparação dos últimos 12 meses, de abril de 2020 a março de 2021, os índices de produção, vendas internas e demanda também mostram resultados positivos. A produção cresceu 0,46%, as vendas internas tiveram alta de 3,52%, e a demanda subiu 12,1%. Como resultado, na média dos últimos 12 meses, encerrados em março de 2021, os importados representaram 47% da demanda de produtos químicos no mercado nacional, novo recorde do setor.
A demanda medida pelo consumo aparente nacional (CAN), resultado da soma da produção mais importação excetuando-se as exportações, revela como anda a capacidade de competição das empresas instaladas no País em relação às suas congêneres no exterior. A indústria química brasileira vem perdendo espaço para o produto importado há algum tempo. Se forem levados em consideração os últimos 30 anos de análise, de 1990 a 2020, a taxa anual de crescimento do CAN foi de 3% (o dobro da taxa de crescimento do PIB industrial, que foi de 1,4%, em igual período), a produção subiu a uma velocidade inferior, de 1,5% ao ano, as vendas externas cresceram a 1,4% ao ano, enquanto as importações tiveram alta de 9,5% ao ano, mais de três vezes o aumento do CAN e mais de seis vezes o que cresceu a produção local, justificando a elevação da ociosidade.
Fátima pontua: “o país perdeu a oportunidade de transformar esse crescimento da demanda em investimento local, em empregos de elevado grau de instrução e em aumento da arrecadação para o governo. Essa situação não pode se manter em um setor que é estratégico e essencial para o desenvolvimento do Brasil. Não há país desenvolvido ou em desenvolvimento que não tenha uma indústria química forte”.
O índice de preços cresceu 70,49% no resultado nominal acumulado nos últimos 12 meses encerrados em março de 2021. Descontados os efeitos da inflação (levando-se em consideração o IPA-Indústria de Transformação, da FGV), os preços médios reais do segmento de produtos químicos de uso industrial subiram 31,2% em 12 meses. Se for utilizado o dólar como deflator, os preços reais estão 55,6% maiores do que foram nos 12 meses anteriores.
Parte considerável dos produtos químicos analisados é constituída por commodities, com preços formados no mercado internacional. Já a nafta petroquímica, principal matéria-prima do setor teve elevação de 170,8% nos últimos 12 meses, acompanhando a variação do petróleo Brent, que subiu 151,5% em igual período de comparação.
Na avaliação da diretora da Abiquim, extinguir o Regime Especial da Indústria Química (REIQ) neste momento representará uma sensível piora na competitividade da química nacional, gerando aumento na carga tributária na base da petroquímica nacional, que se refletirá nas mais importantes cadeias produtivas. “O REIQ precisa ser mantido até que o País efetivamente realize a tão esperada e necessária Reforma Tributária. Pois, o cenário internacional também é desafiador. O petróleo, assim como outras commodities, voltou a subir, estimulado pela expansão da demanda, pressionando a nafta, com reflexos nas cotações dos químicos. A situação de preços é agravada por conta da desvalorização do real, em relação ao dólar, em um mercado cuja característica é a de ser tomador de preços e não formador”, completa Fátima.
fonte: abiquim
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